sexta-feira, julho 02, 2010

Ao Excelentíssimo Sr Juiz Fulaninho Detal,

Sr juiz, Eu gostaria de me divorciar de Mim Mesma (Doravante “Comigo Mesma”). Entenda, Sr juiz, Eu não tenho competência suficiente para zelar por Meu bem estar, Minha integridade física e mental. Minhas excessivas preocupações fragmentaram Minha mente de tal modo, que sou incapaz de Me concentrar e sanar Minhas necessidades básicas em tempo ideal. Minha lista de desejos e vontades é absurda e extensa, e demanda muitos devaneios e atitudes fúteis para seu devido cumprimento, uma verdadeira calamidade em termos comportamentais socialmente aceitos, Sr juiz! Ademais, a convivência Comigo Mesma tem sido insuportável nesses últimos meses... A indecisão constante, as mudanças de humor repentinas, a má alimentação, o descaso com os amigos, o desrespeito para com familiares, os relacionamentos fracassados, a falsa motivação, a pouca disciplina para com os estudos e deveres a cumprir, a não assiduidade, a insônia incurável, a privação de lazer e divertimento. Enfim, uma lista irreverente, substancial e relevante para fundamentar Meu pedido de divórcio.

Gostaria de salientar que o processo se dará através de um único advogado escolhido por Mim, e que Eu estou perfeitamente de acordo.

E ainda destaco que maior parte dos bens tangíveis (corpóreos) já foram divididos, tendo em vista que encontram-se aos pares em Meu corpo. O coração e a vag***, por Mim, Eu fico com os dois. A boca e o nariz já foram devidamente destinados, este para Mim (Eu), e aquela fica Comigo. Talvez o fígado necessite de algum documento formal, pois será revezado Comigo conforme Minhas necessidades, bem como o aparelho digestório. O cérebro é o único item que necessita de intermédio, porque o lado direito quer ficar Comigo, o esquerdo com Ninguém, e Eu quero tudo.

Atenciosamente,

Eu Mesma

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