segunda-feira, novembro 10, 2008

Cécso

Pontualmente, junto ao relógio que marcava meio-dia, a porta da frente destranca e a panela de pressão apita, anunciando a chegada do marido e que estava cozido o feijão.
Era um casal comum, para não dizer monótono, e como de costume, ele chegaria reclamando do trânsito, tirando a gravata, beijando a testa suada da esposa, que lutava para terminar o almoço.
Não tinham filhos, não tinham tempo, e havia dúvidas de que tivessem amor. Arroz, feijão, salada e bife a milanesa, a comida variava com os dias da semana, mas tinha o mesmo gosto de sempre: insípida.
Segunda-feira, dia de lasanha. Meio-dia, quando o marido destrancasse a porta, aquele odor de creme de queijo com presunto infestaria a casa com a abertura do forno, que apitaria clamando a lasanha pronta.
Segunda-feira, a porta destranca, não havia cheiro ou apito, o marido não estava reclamando, a esposa, escorada na pia da cozinha, fitava o chão. No relógio: meio-dia.
Ela percebe a presença o marido, não diz nada, ele tira a gravata, se aproxima da esposa, suavemente acaricia-lhe a nuca com as duas mãos, olhos nos olhos, ele beija-lhe a boca, é gostosa, a esposa retribui o carinho arranhando-lhe as costas, ele aperta as coxas dela, os corpos se encaixam.
Era um casal comum, para não dizer feliz, e como de costume, ele chegaria com as crianças da escola elogiando o cheiro da comida, tiraria a gravata, e beijaria a boca da esposa, que sorria terminando o jantar.

segunda-feira, outubro 20, 2008

ÚLTIMO ROMANCE - Los Hermanos

Eu encontrei-a quando não quis
mais procurar o meu amor,
e o quanto levou foi pra eu merecer,
antes um mês e eu já não sei,
e até quem me vê lendo jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei

E ninguém dirá
que é tarde demais,
que é tão diferente assim
do nosso amor,
a gente é que sabe pequena
Ah vai

Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir a praia,
eu levo essa casa numa sacola..

Eu encontrei-a e quis duvidar,
tanto clichê
deve não ser,
Você me falou
pra eu não me preocupar,
ter fé e ver coragem no amor,
e só de te ver
eu penso em trocar
a minha tv num jeito de te levar
a qualquer lugar
que você queira,
e ir onde o vento for,
que pra nos dois
sair de casa já é
se aventurar
Ah vai

Me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar, eu sigo essa hora,
eu pego carona
pra te acompanhar

quarta-feira, outubro 15, 2008

NOSTALGIA

Nostalgia é uma saudade reprimida, e com certeza, dói. Mas é tão afável perceber que sempre há alguém do nosso lado, dando apoio, segurança, alegria, fazendo com que você se sinta feliz, nem que seja por um dia.
Às vezes nos perdemos em lembranças, e paramos em frente a nossa janela vendo o dia passar.
É engraçado como a vida prega peças, conhecemos muitas pessoas, e é impressionante como nunca mais veremos algumas, mesmo que morem do nosso lado, e outras, podem ir para muito longe, que nunca serão esquecidas. Estranho mesmo, é como não conseguimos dar o devido valor àqueles com quem convivemos, chega a ser injusto só sentir falta quando se vão...
Mas por fim, para vencer a nostalgia é preciso muito amor a si mesmo, aos seus amigos, a família, amar a dança, a arte, os dias e as noites...
Cada momento é especial à sua maneira.
O tempo passa, e vamos perdendo aquela característica infantil de se impressionar com a vida. Incrível como aprendemos que dizer ‘eu te amo’ não é tão fácil assim, ter o vento no rosto e não pensar em nada é que é a verdadeira paz, que os melhores amigos são pra sempre, e outros amigos, também! O melhor beijo da nossa vida, e o pior, vão ser com a mesma pessoa, que na verdade o dia mais feliz das nossas vidas acontece a cada hora, e o mais triste, no minuto seguinte, sorrir é realmente o melhor remédio, mas fazer graça é que é a cura para todos os males do coração.
Mudar não é fácil, mas continuar a ser o mesmo é mais difícil ainda!

terça-feira, outubro 14, 2008

Conselho de ancião

Não perca tempo...
*
*
*
********************Pois é mais fácil
**********************************que o tempo
*********************************************te perca
nesse perdido que a vida
às vezes
****************nos dá...

sexta-feira, outubro 10, 2008

A SUA - Marisa Monte

Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz


Estou com sintomas de saudade
Estou pensando em você
Como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o tempo vem


Eu só quero que você caiba
No meu colo porquê
Eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás


Estou com sintomas de saudade
Estou pensando em você
Como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem


Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem
Porque eu te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem


...

Para sentir

quarta-feira, agosto 20, 2008

Do contra

Há quem diga que escrevo mal...
Isso pouco me importa.




Meu maior gosto é poetar!

domingo, julho 27, 2008

De todas as mortes possíveis (acredite, são muitas) a da mente é a pior.

Não faz sentido um corpo sem alma, que apenas responde por instintos, obedece cegamente, vive por viver, seja por não ter mais opções, por com tudo discordar ou nada rejeitar.

Não faz sentido o pensamento sem a possibilidade de ação, amor sem comprometimento, desespero sem medo, a esperança sem a persistência.

Poderia me perder em citações de dualidades complementares, mas sempre me intrigou os dizeres: 'a falta da verdade corresponde a uma mentira'. Até que ponto isso se confirma?

Acredito que através de um jogo de palavras essa frase se adequa ao ponto que quero chegar, mas é clara que quais palavras devem ser usadas para essa trama, são extremamente únicas dependendo somente da personalidade de cada pessoa.

E aqui deixo minha impressão, admito que fiz das palavras de Veríssimo as minhas, e que mais de uma ou duas palavras se fizeram necessárias, mas em resumo, é tudo que por agora quero dizer:

"Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu." Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, julho 10, 2008

Estamos com fome de amor

"Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!"
Arnaldo Jabor

sábado, junho 28, 2008

Discussão

Passemos para o fato simples, por que não? Basta escolher: ficar ou abandonar. Bem, melhor não. “Abandonar” tem esse tom melodramático que me traz um leve ar de desgosto, e como a intenção é esclarecer e não entorpecer a situação, deixemos de lado o abandono e foquemo-nos na questão.

A real pergunta, aquela genérica que se perde no emaranhado da vasta capacidade humana de avaliar superfluamente. Estranho? Sim, talvez seja, mas, por exemplo, ao observar uma caixa fechada e sem aparente abertura, a imagem exterior que se forma em nossa mente é capaz de nos levar a loucura de tantas as opções que nossa curiosidade tenta figurar sobre a essência da caixa.

Pois bem, sem mais rodeios por fim pergunto: POR QUÊ?! Redundante? Reformulo: Por que chegamos a essa situação? É justamente isto que mais me intriga

No início era tudo tão linear, o caminho era claro e seguro, de repente surge névoas, e já não sei para onde ir, me perdi nessa procura, e nos nossos breves esbarrões sempre caio; me impressiona a sua despreocupação ao me abandonar...

Verdade, retornei para o abandono do início, mas agora tenho certeza de que não vou recomeçar.

segunda-feira, junho 16, 2008

O sistema de relacionamento global

A globalização surgiu com a necessidade humana de integrar-se a outros indivíduos, influenciando as relações comerciais, num âmbito mundial; sociais, com relação a comportamentos padrão a serem adotados; e intrapessoais, quanto a liberdade de escolher aqueles com quem seria interessante relacionar-se.
*
Divórcios e a redução de compromissos definitivos, como casamentos, são, no geral, as evidências de como o "verdadeiro amor" tem sido manipulado. Os estereótipos e a mídia mantêm as bases desse alto índice de falsas escolhas entre a população, através de distorções dos reais significados de um sentimento amoroso, que deveria ter o companheirismo, o respeito, a sinceridade e o carinho como os elos de um relacionamento.
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Os exemplos sensacionalistas marcados pelos escândalos, traições, presentes caríssimos e paixões fulminantes, que nos são apresentados, incentivam para que se mantenha esse padrão de relação; garantindo um consumo confirmado desse tipo de "produto".
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As peculiaridades culturais também tem sua parcela de culpa, mas não há como comparar com a desenfreada "unificação" incentivada pela globalização, o que leva as pessoas a adotar posturas atípicas de sua formação pessoal, muitas das vezes submetendo-se a solidão, por acreditarem ser incapazes de estabelecer um relacionamento de acordo com o molde aceito pela sociedade.
*
A falta de singularidade de pensamentos concretos com relação às demais pessoas é, talvez, a consequência mais atenuante desse mundo interligado. As dúvidas, o receio e a insegurança quanto ao outro formam barreiras, o que pode vir a culminar em uma sociedade desfalcada de emoções e repleta de relacionamentos previsíveis, num mundo sem escolhas ou opções.

quinta-feira, junho 12, 2008

Dia dos namorados (Tô inspirada! ^^)

Só Hoje -- JotaQuest

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir

Hoje eu preciso te abraçar
Sentir teu cheiro de roupa limpa
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria
Em estar vivo

Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar
Me dizendo que eu sou causador da tua insônia
Que eu faço tudo errado sempre

Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje

domingo, junho 08, 2008

"I'm so tired of playing this game"

Talvez seja também o medo. Aquele, de que o novo não seja tão bom quanto o antigo, ou pior, que seja melhor, gerando um novo ciclo, onde a novidade vira a antigüidade, e esta, nada mais que uma boa lembrança para se recordar.
Esse nosso apego às conquistas que temos torna-se frustrante quando o prêmio não mais é de valor. Nos vemos numa encruzilhada, são inúmeros caminhos possíveis, e lá estamos: parados, sem saber para onde ir, agarrados ao nosso troféu de latão, muitas das vezes sem querer ao menos sair dali.
Mas o que mais incomoda mesmo, é ter a certeza de que nunca iremos mudar, a não ser que realmente queiramos fazê-lo! Parece impossível explicar essa sensação, esse nó na garganta, quando finalmente chega a hora da mudança, e simplesmente nos entregamos a intimidade de sempre, e isso, apesar daquele friozinho na barriga que pede por uma aventura, que pede por algo novo, mas é abafado por um beijo sem gosto de um velho conhecido que é o passado.
E continuo me perguntando porque é tão difícil! Basta um não, NÃO, N-Ã-O! Um não que sempre trava antes de chegar na ponta da língua para finalmente sair. E de novo entro num redemoinho: fico sem chão, sem saber como sair, me deixo levar pelo velho costume de sempre ir. Cansei...

domingo, maio 11, 2008

Para que amar?


Sequer há um objeto para este verbo e o pobre sujeito fica sem poder concluir sua ação...
Dentre tantos complementos possíveis nesta vida, o amor é o único que leva a solidão...
É verbo intransitivo, por si só é explicativo. Quem ama: ama, só e simplesmente ama...
Morte certa, a dependência é incurável, torna-se cicatriz profunda que sempre volta a doer...
O impossível não tem limite, o amor transcendo o tempo, o espaço e a compreensão...
É a estranheza de frases soltas no papel, o surreal se estende a realidade sã...
Com o ponto final inexistente, as reticências são usadas até a exaustão...
E porquê ninguém me compreende?!
Amar o amar, amar a quem sou, amor meu...

Ponto.
A falta de sentido se faz presente, para que amar então?
Sem correspondência, sem presença, sem veemência...
A vontade de um fim bate como decisão:

Amo por amar

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Com os relacionamentos anteriores aprendi:

Que quando você se apaixona por alguém e isso não é correspondido, o melhor que se tem a fazer é pegar todo esse sentimento, embrulhar bem embrulhadinho, engolir e deixar guardado no estômago, já que o coração tá quebrado...

Eu descobri que pra esquecer não existe melhor remédio, ou receita pra se seguir, porque o fato (o pior e mais real deles) é que você nunca esquece. Então a soluçao é mesmo guardar tudo.

E quem sabe um dia seja possível dissolver esse embrulho: finalmente aproveitar a parte boa (as lembranças e a amizade, é claro) e cagar o resto!