segunda-feira, novembro 27, 2017

Polêmicas da coletividade: discutir ou não discutir, eis a questão?

Quão vazia (sozinha) é a coletividade? A sociedade auto entitulada pós-moderna prega a devoção ao individualismo, e as consequências são inúmeras. Quando seguimos só, várias premissas sociais se perdem no caminho: afinal, porque agregar algo para alguém? A pergunta se transforma em: como posso obter algo de alguém para me agregar? E o querer humano é infindável e devastador.

Somos seres naturalmente sociáveis, como já dizia Giddens, nossa tendência de formar grupos é observada em todas as partes do mundo. Dentro desses grupos, sociologicamente denominados povos são determinadas especializações conforme premissas culturalmente aceitas: papéis a serem cumpridos por cada indivíduo em prol do coletivo. E a pós modernidade está justamente eliminando esses papéis: podemos ser o que queremos ser, mas talvez as gerações Y e a vindoura Z tenham entendido isso de forma um tanto distorcida...?

Gosto de clichês, eles são simples e dão a perspectiva pontual e certeira para ideias/ideais muito vastos (apesar de serem questionáveis), como o velho: sozinho chega-se mais rápido, mas juntos vamos mais longe. O que faz perfeito sentido para um sociedade que procura de toda forma prolongar a vida, mas talvez perpetuá-la não seria mais (interessante) importante?

Eis o insight das novas gerações, querem o agora, mas também o depois, o antes... Bem, esse já passou, quem se importa? É um nítido choque cultural, não mais de povos, mas interno, entre indivíduos de um mesmo povo, de um mesmo núcleo familiar até!
Outro ponto auge: família! O que seria a unidade celular básica do "organismo" povo também alterou-se, talvez tenha sido a primeira parte a perder a tal coletividade.

Nessas finas rachaduras de papéis, prolongamento vital, núcleo familiar, o indivíduo se desgarrou, ovelha no pasto sem pastor a guiar. Perdida? Talvez. O pastoreio já não funciona como antes, se o culto ao individualismo é preceito base na nova sociedade, a evolução é justamente ser passarinho fora do ninho, ovelha negra, ser fora da curva, mas que curva?

As referências claramente se perderam, e a coletividade que antes era máscara se torna sirene, o coletivo agora é universal, tudo pode, tudo tem, nada rejeita, aqueles que vão contra o coletivo das mais sortidas formas tem seus nomes difamados na internet das coisas, e de repente indivíduos que não fazem parte do nosso dia-a-dia despertam mais interesse que o próprio núcleo familiar, o que é conveniente para o individualismo: não é necessário laços.

E enfim entramos em Bauman e seus líquidos fluidos da modernidade: sentimentos e emoções, o senso do coletivo, do próprio real, tudo se esvai, escorre, nunca preenchem, na verdade, esvaziam... E o individualismo vence com seu sedutor nada, nos tornamos senhores do nosso próprio ego, mas quem se importa? Fica aí tópico para uma próxima discussão, quem sabe...

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